Atirador da igreja de Charleston (EUA) queria começar uma guerra racial
Dylan Roof, o jovem de 21 anos acusado de matar nove pessoas em uma igreja da comunidade de pessoas negras de Charleston, na Carolina do Sul (EUA), teria confessado todos seus crimes, segundo a imprensa americana. Ele foi acusado formalmente nesta sexta-feira ( 19) pelo ataque, anunciou a polícia de Charleston (sudeste dos Estados Unidos).
Uma fonte da polícia teria dito à CNN que Roof contou aos investigadores que ele “queria começar uma guerra racial” quando foi até a igreja na noite de quarta-feira e abriu fogo contra um grupo de estudo da Bíblia.
Roof – que foi preso pela polícia em Shelby, na Carolina do Norte mais de 12 horas depois – deve ser ouvido nesta sexta em uma audiência em um tribunal. A governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, afirmou, nesta sexta, acreditar que Roof deve encarar a pena de morte se for condenado. A pena de morte é legalizada no estado sulista.
– Esse é com toda certeza um crime de ódio. Nós queremos que ele enfrente a pena de morte. Esse é o pior tipo de ódio que eu vi e o país viu em muito tempo – afirmou ao programa “Today”, da NBC.
Atirador Dylann Storm Roof, de 21 anos. Ele seria o responsável por atirar e matar nove pessoas.
O homem abriu fogo durante uma sessão de estudos bíblicos, muito frequentes nas igrejas do sul dos Estados Unidos, tanto durante a semana como aos domingos.
representa um novo golpe para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que nos últimos meses foi vítima de crimes aparentemente motivados por racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados.
Este foi o caso de Ferguson em 2014 e o de Baltimore há algumas semanas, além de vários crimes similares ao cometido em Charleston que provocaram uma grande tensão racial no país.
As vítimas foram: Cynthia Hurd, de 54 anos, bibliotecária; Tywanza Sanders, de 26 anos, recém-formado na Allen University; Sharonda Singleton; Myra Thompson, de 59 anos; Ethel Lance, de 70 anos; Susie Jackson, de 87 anos; Reverendo Daniel Simmons; o médico DePayne; e o Reverendo Clementa Pinckney.
Em entrevista para Revista Emfoco360° o Sr. Alvin Williams, 50 anos, cidadão afro-Americano de Houston Texas, diz :
Em entrevista para Revista Emfoco360° o Sr. Alvin Williams, 50 anos, cidadão afro-Americano de Houston Texas, falando sobre racismo contra os negros. Diz: “Este processo iria continuar por mais de 400 anos e em algumas cidades, ainda acontece. Algumas leis ainda protegem as pessoas que cometem crimes de racismo, é horrível que essas leis existam para proteger as pessoas que estão dispostas a fazer coisas tão terríveis a outro ser humano, não foram dadas as pessoas negras o direito de serem considerados seres humanos, eles foram considerados propriedade. Possuo alguns artigos que tenho coletado que datam do início de 1960, eles são horríveis. Isso foi o que tivemos de suportar como uma cultura de pessoas racistas. Alguns deles são muito, muito graves, de modo que seja necessário preparar as emoções, você pode se assustar se ainda não viu coisas assim antes, mas foi isso que ocorreu naquela época e ainda existem em alguns lugares, apenas em situação irregular. Isso não se torna público, pois eles escondem, mas as pessoas tiram fotos com os seus smartphones para tentar manter a verdade, ver um pouco da história de onde tudo isso começou e ao longo do tempo tem sido permitido por essas leis para continuar na clandestinidade. Mas algumas coisas estão sendo expostas. Recentemente, na Universidade de Oklahoma, uma fraternidade foi removida do campus por conta de comentários preconceituosos. Para tirar um ditado de um filme, “Eu vejo todas essas coisas acontecendo, e eu não vejo ninguém fazer nada sobre isso. E isso me irrita.” Para tirar um ditado do meu filme favorito, “Mesmo que minha vida valia menos do que uma partícula de sujeira, eu quero usá-lo para o bem da sociedade”.
Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele.
Martin Luther King
Não importa a cor quando duas mãos estão juntas projetando a mesma sombra.
Martin Luther King
Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira.O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos.Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos. Martin Luther King
Site de autor de massacre diz que Brasil é “inimigo” dos EUA
A polícia americana investiga a autoria de um site de conteúdo racista na internet, encontrado neste sábado (20), que pode pertencer ao responsável pelo massacre de Charleston, Dylann Roof, de 21 anos. Na página, um texto faz violentas declarações contra os negros, os hispânicos, e diz que o Brasil é “inimigo” dos EUA.
O texto, publicado no site lastrhodesian.com, diz que há “bons e maus hispânicos”. “Lembro que, enquanto assistia a canais de televisão hispânicos, os programas e os comerciais tinham mais brancos que os nossos. Eles respeitam a beleza branca, e uma boa parte dos hispânicos é branca. Todos sabem que os hispânicos brancos são a elite da maioria dos países hispânicos. Há sangue que vale a pena ser poupado no Uruguai, Argentina, Chile e até mesmo no Brasil. Mas mesmo assim eles são nossos inimigos”, diz o manifesto.
O texto, no entanto, se concentra no ódio contra os negros, e os classifica de “estúpidos e violentos” , além de considerar que eles são o maior problema dos americanos. “Eu não tenho escolha (…). Escolhi Charleston porque é a cidade histórica do meu Estado e que teve, em determinado momento, a concentração mais elevada de negros em relação aos brancos no país”, diz o texto.
“Roof aparece nas fotos publicadas”
Na página hospedada na Rússia, várias fotos do rapaz foram publicadas, mas o conteúdo foi retirado do ar. Em uma delas, ele aparece exibindo a bandeira confederada, que data da época da Guerra Civil do país e que representa a união dos Estados escravocratas do sul do país, atualmente considerada um símbolo do racismo. Em outra foto, Roof está queimando a bandeira dos Estados Unidos. “Não temos skinheads, uma verdadeira KKK [Ku Klux Klan], ninguém faz nada além de falar sobre isso na internet. Alguém tem que ter a coragem de fazer algo no mundo real e eu penso que essa pessoa deve ser eu”, continua o manifesto.
Outros insultos são dirigidos aos judeus (“brancos que são um enigma”) e aos asiáticos (“por natureza extremamente racistas e que poderiam ser grandes aliados da raça branca”).
De acordo com a imprensa norte-americana, o site foi aberto em fevereiro deste ano. A polícia ainda não confirmou se a autoria do espaço é de Dylann Roof.
Manifestações e homenagens
Milhares de americanos participam em Charleston de homenagens às vítimas do massacre. Manifestações também estão previstas nesta noite no Estado da Carolina do Sul contra a bandeira confederada, que continuava até hoje hasteada no parlamento local, na capital Columbia.